Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Procura-se a corporação 2020. Alguém a viu?

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Procura-se a corporação 2020. Alguém a viu? Para o guru da sustentabilidade Pavan Sukhdev, as empresas de hoje seguem os modelos anacrônicos de 1920, de olho no lucro a qualquer custo. Mas a empresa do futuro já nasceu
Entrevista | 14/05/2013 12:06
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Para o guru da sustentabilidade Pavan Sukhdev, as empresas de hoje seguem os modelos anacrônicos de 1920, de olho no lucro a qualquer custo. Mas a empresa do futuro já nasceu
EXAME.com: Quanto tempo é necessário pra mudar o modelo business as usual?
Pavan Sukhdev: Eu não sei quanto tempo é necessário, mas lhe digo o seguinte: temos apenas 10 anos para mudar o business as usual. Temos que fazer isso, porque, basicamente os ecossistemas do planeta não vão esperar por nós. Estamos testando a resiliência da Terra em várias dimensões. O último EL Niño acabou com 20% dos corais, isso é algo assustador. Mais de 5 milhões de pessoas dependem das atividades em torno dos recifes para sobreviver.
Esse é um dos limites planetários que nos olha de frente. É por isso que temos que mudar a economia, mudar a forma como usamos os recursos do planeta. Precisamos fazer isso mudando as corporações. É preciso mudar a forma como se mede desempenho financeiro, é preciso mudar a forma como tributamos, a forma de fazer propaganda, e como se usa o dinheiro. Esses quatro fatores são chave para transformar as corporações.

EXAME.com: Qual a importância de inserir as externalidades nos demonstrativos financeiros?
Pavan Sukhdev: Pense na corporação como uma fábrica de capital. A contabilidade faz lucro financeiro, mas também faz bens e serviços para os consumidores. Mas ao mesmo tempo, cria capital humano ao treinar seus empregados, às vezes destrói o capital social ao desregular a vida das pessoas, às vezes cria capital social ao investir em comunidades, às vezes cria capital natural, ao plantar florestas como parte de um programa voluntário de responsabilidade socioambiental. Às vezes, destrói o capital natural, ao transformar florestas em outras formas de uso de terra.
De todas essas coisas que falei, a única que as companhias reportam é a criação de capital financeiro. Então, temos que migrar para um sistema onde não se olhe apenas para a “caixa pequena” do capital financeiro, mas para o grande quadro, que inclui o capital financeiro mas também humano, social, natural. Só ao fazermos isso, saberemos o impacto real das empresas no mundo.
EXAME.com: Mas ao contabilizar essas externalidades, é possível que muitos setores deixem de ser tão lucrativos, não?
Pavan Suckdev: É verdade. Pegue as atividades de pecuária e agricultura na América Latina, por exemplo, cujo valor da produção é de 16 bilhões de dólares. Um estudo recente mostra que as externalidades chegam a 313 bilhões de dólares. O custo ambiental é 19 vezes maior que o valor de produção. Isso é estupidez econômica.
(...) De fato, há trinta ou quarenta anos, a energia era escassa, então subsidiar petróleo e carvão fazia sentido. Hoje, não mais.
Agora, conhecemos os custos pesados das mudanças climáticas. Sabemos que não podemos usar combustível fóssil eternamente, então precisamos investir, e subsidiar, combustíveis mais limpos. Apesar disso, ainda subsidiamos fontes fósseis e sujas, quase 650 bilhões de dólares, segundo estimativas em 2009. Além disso, tem os subsídios para transporte privado e subsídios para agricultura, a maior parte insustentável. A “insustentabilidade” é muito cara. Não temos como arcar com ela. E infelizmente, os custos da falta de sustentabilidade são públicos, não privados. E por serem custos públicos e não contabilizados, as pessoas pensam que eles não estão lá.

(...) É possível ter energia solar a custo baixo. Se fossemos captar toda a energia do sol, seria possível suprir a demanda do mundo inteiro. O problema é que não reconhecemos essa realidade, e por isso não investimos o suficiente em tecnologias capazes de entregar essa energia.
Repito, estamos gastando trilhões em subsídios para resolver problemas de ontem, tudo para dar continuidade a esse paciente agonizante que é a velha economia “marrom”. Estamos prolongando a vida de uma economia que já mostrou estar morta, tendo em vista as crises econômicas. E as empresas são as únicas capazes de fazer a mudança. Elas cobrem 60% do PIB global e geram 70% dos postos de trabalho do mundo. Aos consumidores, ou melhor, aos cidadãos, cabe o papel de cobrar das empresas essas mudanças.
EXAME.com: O senhor acha que a taxação verde pode ser um vetor de transformação do comportamento das empresas?
Pavan Sukhdev: A “cor” da taxação não importa aqui. É preciso taxar o que é ruim e não o que é bom. O que é bom hoje? A boa performance, ou seja aquela que se apoia na inovação para atender necessidades, e não o inverso. O problema é que não estamos taxando a extração de recursos naturais, mineração, exploração de petróleo, carvão, etc. E esse não é um desafio para todos os países, ao contrário de um acordo global climático. É um desafio para cerca de 30 nações que têm grandes participações nesses setores.

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