Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

1,5 milhão de paulistanos trabalham em casa - Estado de São Paulo

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Ateliê. Fernando Velasquéz tem tempo para curtir o filho
Os dados fazem parte de estudo do Ibope em parceria com o Estadão Dados, com base nos questionários detalhados do Censo 2010. O levantamento integra série 96xSP, que traz reportagens sobre temas como migração e deslocamento nos 96 distritos da capital.
 
Os números mostram que há basicamente três perfis de pessoas que trabalham no mesmo local onde vivem. O primeiro são as empregadas domésticas que moram na casa do patrão. Outro são os profissionais liberais, que normalmente têm curso superior e trabalham fazendo serviços esporádicos, como advogados, consultores ou artistas. Além disso, há os proprietários de bares, vendas e restaurantes em bairros de menor renda que moram no mesmo imóvel onde funciona o comércio.
 
Como os perfis são variados, a porcentagem de trabalhadores que não sai de casa é relativamente homogênea pela cidade. Há, porém, um grupo de 11 distritos onde um em cada três paulistanos trabalha no mesmo local onde vive. Mais do que a renda média, eles têm em comum o fato de serem bairros residenciais de ocupação antiga, como Pinheiros, Ipiranga e Penha.
 
Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Lúcio Gomes Machado, uma das hipóteses para esse fenômeno é que esses locais foram ocupados antes do Plano Diretor de 1972, que proibiu a existência de prédios de uso misto - onde há comércio no térreo e moradias em cima. "Foi uma decisão urbanisticamente equivocada. Imóveis onde a pessoa pode morar em cima e trabalhar embaixo trazem vida 24 horas à cidade", diz.


Deslocamento.Outro benefício desse tipo de ocupação, segundo ele, é diminuir o número de pessoas que têm de atravessar a cidade todos para trabalhar. Algo que o artista plástico Fernando Velasquéz, de 43 anos, já não faz há três anos. Ele largou o escritório coletivo que alugava na região da Paulista para focar no seu ateliê que fica na própria casa, na Vila Mariana.

"Você ganha qualidade de vida. Mas, ao mesmo tempo, tem de se cuidar para sair de casa de vez em quando para conversar com pessoas", diz. Ele aproveita o tempo extra que agora sobra para ficar com os filhos e diz que é preciso foco para administrar melhor seus horários. "Quem trabalha em casa tem de administrar seu próprio tempo, e minha geração não foi educada para isso. Aprendi na marra, de tanto errar."
 
Modelo híbrido é herança histórica em São Paulo
De acordo com o historiador Luís Soares de Camargo, ex-pesquisador do Arquivo Histórico Municipal, unir emprego e moradia em um mesmo local é uma tradição colonial brasileira. "Em São Paulo, não foi diferente. No centro histórico, a maioria dos sobrados reservava a parte térrea para o comércio e o dono morava na parte de cima. Apesar de esses imóveis não existirem mais dessa maneira, o traço cultural se manteve”, afirma. O professor Luís Soares de Camargo, da FAU-USP, afirma que essa mudança começou no início do século XX, quando a cidade passou a adotar um novo tipo de urbanismo, que defendia áreas separadas para moradia, trabalho e lazer. "Isso veio a criar bairros como a Chácara Klabin, onde você tem um monte de prédios, todos residenciais, e nem uma vendinha do lado. São bairros mortos.”

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