Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Pequeno produtor de café recebe selo de sustentabilidade da UTZ


O produtor Leomar Totti que mora há quase 50 anos no município de Chaporã, no centro-oeste paulista, está se tornando uma referência em cafeicultura na região de Marília. Associado da Coopemar, maior cooperativa agrícola da região, ele dificilmente não leva para casa algum prêmio quando participa dos concursos, instituídos ali há mais de 12 anos, para escolher cafés de qualidade. E olha que a região tem quase mil produtores, que plantam 38 mil hectares e colhem mais de 500 mil sacas por ano.

O sítio dele, o Bela Vista, é pequeno: são apenas 10 alqueires - ou 26,2 hectares - cultivados com café Arábica (variedades Catucaí e Obatã), que produziram na última safra 30.000kg em coco (ainda com a casca). E o seu Leomar mostrou que é possível produzir um café de qualidade sem poluir nem destruir o meio ambiente e respeitando direitos sociais e trabalhistas. Por causa disso, ele foi o primeiro da região a receber o selo Utz Certified, certificação internacional para cafés produzidos de forma sustentável e que acaba de ser concedido a ele pelo IGCert, empresa do GenesisGroup.

Segundo seu Leomar, ele não teve muitas dificuldades para implementar os requisitos exigidos pela Utz. A maioria, ele já vinha atendendo por conta. É que, por ser pequena, a propriedade é tocada por ele e pela própria família, além de três funcionários que têm direito a moradia e registro na carteira de trabalho. Como a propriedade é cortada por um ribeirão, o maior investimento que ele teve que fazer foram os R$ 800 gastos na construção de um depósito de alvenaria onde, a partir de agora, ficam guardados todos os agrotóxicos, com suas etiquetas, prazos de validade e cartazes alertando para o perigo do manuseio sem os devidos equipamentos de segurança. Segundo ele, "antes os venenos ficavam guardados junto com maquinários e equipamentos. Agora, ficam separados e em lugar mais seguro. Só que sempre tivemos respeito com o meio ambiente. Esse ribeirão é de onde a gente pega água prá quase tudo, então nossos pulverizados e equipamentos usados com produtos químicos nunca chegaram nem perto do rio. A água dele forma até uma lagoa, onde criamos peixe, inclusive para consumo, e nunca tivemos nenhum problema de contaminação".



Para o produtor, "a certificação da Utz é um reconhecimento pelo nosso esforço e mostra que o caminho é esse mesmo. O produtor que quiser conseguir melhorar o seu produto, ganhar mais e ser reconhecido, tem que procurar a certificação".



Os cafés certificados do Sítio Bela Vista já estão na Coopemar, que pretende exportá-lo. Para François Regis Guillaumon, presidente da cooperativa, ter entre os associados o primeiro a receber o selo Utz "com certeza é o começo de um trabalho muito importante. Uma das principais vantagens proporcionadas pela certificação está na exportação do produto. Sem ela, o cafeicultor não consegue vender para fora do país. Ou seja, quem quiser exportar ou até mesmo vender para grandes empresas, além de investir na qualidade do café deverá, indiscutivelmente, certificar a sua propriedade. E nós almejamos a curto prazo que pelo menos 40% dos nossos cooperados obtenham essa certificação".



Brasil na frente



O Brasil já se tornou a maior fonte mundial de cafés produzidos de forma sustentável com selo Utz Certified: são mais de dois milhões de sacas por ano ou 39% das vendas totais da Utz. Segundo os especialistas, a demanda por grãos especiais, como os produzidos dentro desse protocolo, cresce em torno de 15% ao ano e o valor de venda de alguns cafés diferenciados chegam a ter um sobrepreço de 30% a 40% a mais em relação ao café cultivado de modo convencional.



Durante o seminário "De Olho no Futuro", realizado no início deste mês em Amsterdam para marcar os 10 anos da organização, a Utz anunciou que a sua pretensão, dentro dos próximos 10 anos é a de certificar 50% da produção mundial de café e que o seu protocolo deixe de ser apenas uma iniciativa voluntária ou uma recomendação para se tornar uma norma.



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