Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

A Rio +20 e os transportes urbanos

Coluna Econômica - 14/06/2012
De todos os desafios para o meio ambiente, um dos temas cruciais da Conferência Rio +20 será a questão da urbanização, da concentração da população em megalópoles.
Aí se entra em um campo político complexo.

O primeiro grande desafio será o de restringir o tráfego de automóveis e estimular os transportes coletivos. O Brasil ainda está em um estágio em que mesmo homens públicos tarimbados ainda possuem uma visão Neandertal sobre transporte.
Recentemente, por exemplo o candidato a prefeito de São Paulo, José Serra, participou de um seminário com Edward Glaesser, economista respeitado, professor de Harvard, autor do livro “O triunfo das cidades” e defensor das grandes concentrações urbanas. Glaesser defendeu o óbvio: a importância dos transportes coletivos, dentre os quais os ônibus, como fator de melhoria do trânsito. Serra discordou, argumentando que muitos ônibus atravancam o trânsito.

O que menos importa é a impressão que Glaesser levou do Brasil, a partir da fala de um ex-candidato à presidência da República, que não consegue entender que linhas de ônibus mais eficientes são alternativas para o transporte individual.
O que importa é que a ideia da restrição ao carro é de difícil implementação.
O segundo grande desafio é a falta de pulso da maioria das prefeituras para enfrentar o poder de persuasão da indústria imobiliária.

Em geral, montam-se planos diretores bonitos. Depois, abrem-se válvulas de escape para a especulação imobiliária, na forma de compensações para construções que atropelem os limites da lei.
Em países mais civilizados, as políticas de urbanismo estabeleceram equilíbrio entre os diversos tipos de moradia, sempre com a preocupação de manter o empregado perto do local de trabalho.
No caso brasileiro, especialmenteem São Paulo, um século de descaso urbano criou zonas de apartheid. Há bairros exclusivos de classe média alta, cujos empregados não raramente levam de 4 a 5 horas no trânsito para chegar ao trabalho. Ou regiões de comércio sem nenhuma estrutura de imóveis populares, para abrigar os empregados.

Como resultado, ao contrário do que prega Glaesser, o modelo brasileiro de urbanização sem regras criou cidades disfuncionais, permitiu a expansão urbana em cima de áreas de preservação ambiental, aumentou exponencialmente a emissão de gases poluentes.
Mexer na legislação de urbanismo significa contrariar interesses da indústria imobiliária, afetar o patrimônio de moradores. E intervenções urbanas mais agudas esbarram no custo das desapropriações.

Em cidades médias, o quadro ainda não é grave, mas não se observam movimentos visando prevenir o futuro.
Agora mesmo, em Poços de Caldas – 150 mil habitantes – ideias de aproveitamento de ferrovias para o transporte urbano no entorno da cidade, receberam fortes críticas da imprensa local, como se fosse ideia anacrônica.

Questão agrícola ou de energia ameniza-se com tecnologia. Questão urbana exige uma força e desprendimento políticos que faltam à maioria absoluta dos nossos prefeitos.
Daí a importância da definição de legislações no âmbito federal para enquadrar os municípios às exigências dos novos tempos, de urbanização acelerada.

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