Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Projeto de REDD no Quênia adquire créditos voluntários

09/02/2011 - Carbono Brasil
Pela primeira vez uma iniciativa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação conquista créditos de carbono para negociar nos mercados, atraindo assim mais capital privado para a conservação florestal

O conceito básico por trás do REDD é simples: projetos em países detentores de florestas recebem apoio de nações ricas ou de instituições para evitar o desmatamento e as emissões de gases do efeito estufa decorrentes da degradação ambiental.

Uma das grandes dificuldades encontradas por esses projetos é que eles precisam firmar parceiras com os investidores, geralmente países europeus, por conta própria. Assim, a expansão e a multiplicação dessas iniciativas têm se dado de uma forma bastante lenta.

Agora, pela primeira vez, um projeto foi capaz de conquistar um padrão de validação internacional, o que possibilitou a aquisição de créditos de carbono para serem vendidos livremente nos mercados.

O feito foi conseguido pelo "Kasigau Corridor REDD project", da consultoria norte-americana Wildlife Works Carbon, que recebeu nesta semana as primeiras Unidades de Carbono Voluntário (VCUs, em inglês) da Voluntary Carbon Standard (VCS).

“É um momento histórico para projetos de REDD em todo o mundo, pois demonstra que eles podem atrair investimento privado para seu importante trabalho”, afirmou David Antoniolo, presidente do VCS, um dos principais certificados internacionais.

Os projetos da Wildlife Works Carbon já haviam recebido validação GOLD do padrão Climate, Community and Biodiversity (CCB), em reconhecimento pelos benefícios ambientais e sociais para as regiões em que atuam – incluindo criação de empregos, educação e financiamentos. O "Kasigau Corridor REDD project" fica no Quênia e protege 500 mil acres de floresta.

“Este projeto prova que o REDD pode incentivar comunidades a transformar suas rotinas para evitar o desmatamento”, reconhece Antoniolo.

O projeto receberá 1,45 milhões de VCUs em seus primeiros seis anos e é estimado que reduza em seis milhões de toneladas as emissões durante os 30 anos de sua duração.

Cerca de 20% dessas VCUs serão apenas guardadas para servirem como garantia de segurança, o restante será registrado no Markit Environmental Registry para serem negociadas.

Futuro promissor
As iniciativas de REDD já vêm a algum tempo ganhando força, na última Conferência do Clima (COP 16), em Cancún, por exemplo, foram um dos grandes destaques positivos.

Além disso, as Nações Unidas acabam de anunciar a escolha de 2011 como o Ano Internacional das Florestas, o que deve tornar ainda mais visíveis os projetos que visam protegê-las.

Outro grande motivador do REDD será o futuro esquema de cap-and-trade da Califórnia, previsto para 2012, que já divulgou que deve trabalhar com créditos oriundos de projetos no México e no Brasil.

“Créditos que protegem florestas, espécies ameaçadas e o modo de vida de comunidades rurais serão um grande atrativo para organizações e consumidores que queiram participar dos mercados de carbono para reduzir suas emissões”, explicou Mike Korchinsky, fundador da Wildlife Works Carbon.

Dessa forma, parece que finalmente o REDD poderá ser incorporado aos mercados de carbono, o que deve estimular tanto os projetos quanto os próprios mercados.

A questão que permanece é se a expansão do REDD vai obedecer critérios para evitar atos de especulação e que ameacem as populações que vivem das florestas. É algo a se acompanhar nos próximos meses.

09/02/2011

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