Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Investimento de 2% do PIB combateria a pobreza

INFOMONEY 22/02/2011 00h02

Se 2% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial fosse investido em dez setores estratégicos, seria o começo para a transição a uma Economia Verde. É o que aponta o relatório lançado pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) ontem.

De acordo com o relatório, chamado de "Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza", a transição global para a Economia Verde contribuiria para o desenvolvimento e para o aumento da renda per capita refletida nos atuais modelos econômicos. Além disso, ao longo do tempo, o número de empregos "novos e decentes criados" - que vão desde o setor de energia renovável até o de agricultura sustentável - compensará os empregos perdidos na antiga economia de alto carbono.

Ainda segundo o relatório, esses 2%, que correspondem a US$ 1,3 trilhão por ano, fomentaria o crescimento da economia global a níveis provavelmente superiores aos dos atuais modelos econômicos. O relatório mostra ainda que esse montante equivale a 10% do investimento total anual em capital físico.




Entre 1% e 2% do PIB global é gasto em subsídios que, geralmente, prolongam a insustentabilidade do uso de recursos, como combustíveis fósseis, agricultura, água e pesca. Grande parte dessas ações ajuda a intensificar os danos ambientais e a ampliar a ineficiência da economia global. Segundo o Pnuma, diminuir ou eliminar essas ações poderia gerar múltiplos benefícios no processo de liberação de recursos para financiar uma Economia Verde.



"Com 2,5 bilhões de pessoas vivendo com menos de dois dólares por dia e com um aumento populacional superior a dois bilhões de pessoas até 2050, é evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer nossas economias. No entanto, esse desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossa economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós", disse o subsecretário geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner.



Setores

Os dez setores fundamentais para tornar a economia global mais verde, segundo o relatório, são agricultura, construção, abastecimento de energia, pesca, silvicultura, indústria, turismo, transportes, manejo de resíduos e água.



Dos 2% do PIB propostos no relatório, US$ 108 bilhões deveriam ser investidos na agricultura, incluindo as pequenas explorações, US$ 134 bilhões seriam voltados para o setor imobiliário, por meio da melhoria da eficiência energética, e mais de US$ 360 bilhões seriam para o abastecimento de energia.



Além disso, dos US$ 1,3 trilhão do PIB, US$ 15 bilhões seriam investidos na silvicultura, o que ajudaria no combate às alterações climáticas, e quase US$ 110 bilhões iriam para pesca, incluindo a redução de capacidade das frotas mundiais.



Ainda conforme o relatório, mais de US$ 75 bilhões iriam para a indústria, quase US$ 135 bilhões iriam para o setor de turismo, mais de US$ 190 bilhões iriam para os transportes, quase US$ 110 bilhões seriam investidos em gestão de resíduos, incluindo a reciclagem, e quase US$ 110 bilhões seriam investidos no setor da água, que inclui questões de saneamento.



"A aplicação inadequada de capital está no centro dos atuais dilemas do mundo e há medidas rápidas que podem ser tomadas, começando, literalmente, hoje - desde a diminuição e eliminação dos mais de US$ 600 bilhões de subsídio globais para combustíveis fósseis ao reencaminhamento dos mais de US$ 20 bilhões de subsídios inadequadamente atribuídos a entidades envolvidas em atividades de pesca insustentável", afirmou o economista sênior do Deutsche Bank e diretor da iniciativa Economia Verde do PNUMA, Pavan Sukhdev.



Relatório

O relatório foi compilado pelo Pnuma, em colaboração com economistas e especialistas de todo o mundo, e tem como um dos seus objetivos promover e defender os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, que vão da redução pela metade das pessoas com fome à redução pela metade das pessoas sem acesso a água potável.



Entre as metas, também está a dminuição das emissões de gases de efeito estufa para níveis muito mais seguros, de 450 partes por milhão, até 2050.



As conclusões do relatório foram apresentadas nesta segunda aos ministros do meio ambiente de mais de 100 países, na abertura do Fórum Global de Ministros do Meio Ambiente/Conselho de Administração do Pnuma.



"Os governos têm um papel central na mudança das leis e das políticas e no investimento de bens públicos para possibilitar a transição. Ao fazê-lo, podem também desbloquear os bilhões de dólares do capital privado em benefício de uma Economia Verde", afirmou o economista sênior do Deutsche Bank e diretor da iniciativa Economia Verde do Pnuma, Pavan Sukhdev.



O relatório visa a acelerar o desenvolvimento sustentável e integra a contribuição do Pnuma para as preparações para a conferência Rio+20, que será realizada em 2012, no Brasíl.



Para o Pnuma, Economia Verde é aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e as carências ecológicas

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