Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

A aldeia global em ação

Por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa
No ano do centenário de nascimento do canadense Marshall McLuhan, o ditador egípcio Hosni Mubarak consagrou definitivamente o conceito de Aldeia Global ao colocar seus esbirros contra a imprensa internacional acampada no Cairo para cobrir a revolta popular que exigia a sua saída.

Apesar da violenta repressão, veículos dos quatro cantos do mundo (inclusive do Brasil) reagiram de forma instintiva, coerente, determinada: Mubarak, a figura e não uma estátua, começou a desabar naquele exato momento.

Depois de tantas bolhas, vacilações e vexames, a mídia noticiosa reencontra a sua história e missão. Ao atravessar a maior crise existencial e institucional, o jornalismo – é ele que está em questão – mostrou o seu ânimo, sua força, sua validade.

A humanidade tem sede de saber, a imprensa tem a obrigação de saciá-la. Sobretudo quando se trata de livrá-la da opressão e do obscurantismo. Este compromisso não pode ser regulado nem controlado por caudilhos oportunistas, diplomatas maneiristas, políticos ambiciosos, fanáticos delirantes, especuladores gananciosos.

Segunda década
Atender aos chamamentos por liberdade está na alma deste ofício, é o seu modelo de negócios, qualquer que seja a plataforma utilizada. Pela primeira vez, o jornalismo foi às ruas para evitar um banho de sangue, e não para provocá-lo. Sua presença, mais do que o seu testemunho, foi decisiva para impedir a maré montante da repressão.

O Ocidente reencontrou-se, releu talvez o discurso de Barack Obama em 4 de junho de 2009 pronunciado ali mesmo, no Cairo, e reverteu o rumo das cruzadas medievais (ver aqui, texto em inglês; vídeo aqui). Foi ao Oriente para ajudá-lo a acabar com a opressão e não trocá-la por outra. Trouxe a sua tecnologia, sua criatividade e, principalmente seu compromisso com uma utopia das Nações Unidas chamada Aliança das Civilizações.

A revolta egípcia corre o mundo e desperta entonações revolucionárias. Enquanto a China se cala, manietada por suas contradições, a praça Tahrir do Cairo força os irmãos Castro em Havana a liberar o blog de Yoani Sánchez. Um gerente egípcio do Google torna-se ídolo mundial porque assume integralmente sua condição de comunicador social e cala a boca do apedrejador persa Ahmadinejad.


Em meio a terríveis nevascas, portentosos dilúvios e presságios de fome, a segunda década do século 21 começa alentadora. Graças à imprensa – plural, livre, descontraída, diversificada.

(Envolverde/Observatório da Imprensa)

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