Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Para empresários, sustentabilidade é sinônimo de oportunidades

Representantes da Natura e do Boticário afirmam que setor privado deve "abraçar a bandeira verde" para sobreviver na nova economia



São Paulo - Estimular o crescimento com sustentabilidade não é apenas um desafio para os governos mundiais, mas uma pauta inadiável nas agendas das principais companias. Poucas, entretanto, são as que incorporam o pensamento verde nos seus modelos de negócio. "Há muita incoerência entre o que é dito e o que é feito”, afirma Malu Nunes, gerente de Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Boticário.



Representante do governo Dilma diz que petróleo não será abandonado de repente
Para a empresária, não basta usar papel reciclado, estimular funcionários ao trabalho voluntário ou fazer ações sociais na comunidade vizinha. "É preciso integrar a responsabilidade sócio-ambiental no processo de produção da empresa e na relação com stakeholders". Malu Nunes participou de uma mesa no EXAME Fórum Sustentabilidade 2010, nesta quarta (10), em São Paulo, junto da ex-secretária de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, e do Co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Pedro Passos.

Segundo Passos, que também preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), muitos empresários ainda acreditam que incorporar ações verdes no plano de negócio representa apenas um aumento de custos. Não é. "Desenvolver um negócio sustentável não reflete apenas na redução de impactos ambientais, mas na reputação e valor de mercado da empresa", afirmou. " O problema é que a sustentabilidade ainda está sendo encarada pelo lado do custo, e não pelo da oportunidade. Temos que reverter essa abordagem", disse Passos.

Biodiversidade brasileira e a nova economia
Implementar efetivamente os princípios da Economia Verde não é tarefa simples. As estruturas públicas de hoje ainda possuem uma abordagem tradicional de desenvolvimento sustentável. Prova disso, segundo Maria Cecília Wey de Brito, é a dificuldade de se reconhecer a fundo a riqueza da biodiversidade brasileira pelo seu valor econômico. "O governo precisa entender que biodiversidade é capital de fato e deve ser incluído no processo de planejamento", defende.

Segundo a ex-secretária de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, a biodiversidade ainda não conseguiu se transformar em uma "moeda universal", como o clima, que é mensurado em carbono. Maria Cecília disse que o Brasil carece de políticas públicas que levem em consideração a variável ambiental de seus projetos. "Se a biodiversidade fenece, ela arrasta consigo várias atividades econômicas", afirmou. "Meio ambiente e economia estão interconectados e a demanda da população por uma produção sustentável só tende a aumentar".

Na opinião do empresário Pedro Passos, o Brasil tem uma posição exemplar pra protagonizar a nova economia por sua riqueza natural, mas deverá investir pesado no desenvolvimento de novas tecnologias. " O país pode se tornar um dos primeiros pólos de biotecnologia no mundo, liderar o setor de bioenergia e o de produtos sustentáveis", afirma. "Temos uma excelente oportunidade. Espero que não a deixemos passar", concluiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento