Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Brasil apresenta propostas para a Conferência do Clima

Governo brasileiro está pessimista: não crê em um possível consenso sobre as metas de redução da emissão de gases poluentes. E presença do presidente Lula em Cancún ainda é incerta
Por Renato Gianuca para EcoAgência de Notícias Ambientais
A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima começa já nesta segunda-feira, dia 29, em Cancún, México. É a COP-16, para a qual o Brasil preparou diversas sugestões e planos para tentar evitar um fracasso similar à da reunião de Copenhague, ano passado.

”Não espero que os grandes líderes do mundo compareçam. E isto porque, como não há acordo, possivelmente ninguém queira se expor”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no último dia 26 de outubro. O presidente Lula está pessimista: não crê em um possível consenso sobre as metas de redução da emissão de gases poluentes. Também ainda está incerta a possibilidade de Lula ir a Cancún.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também não acredita muito nas negociações lá no México. Mas crê em um acordo em 2012, quando acontecerá no Brasil a reunião Rio+20. É que naquele ano completam-se 20 anos da realização da histórica Rio-92, a conferência da ONU que despertou a atenção mundial para os problemas do meio ambiente.

Falando à Agência Brasil, o presidente Lula garantiu: o Brasil estaria avançado nas negociações. “Embora não se possa alcançar o acordo em Cancún, ficará para a História a construção da política climática que o Brasil está desafiando o mundo a fazer”, disse.

Ao final de seu governo de oito anos, Lula aplaude o decreto que regulamenta o Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas. Serão investidos 226 milhões de reais ao longo de 2011 – já no governo da presidenta eleita Dilma Rousseff – em ações de conservação ambiental e de combate à poluição. Ainda em 2011, o novo Fundo poderá receber mais recursos, como doações internacionais – o que vai depender das negociações durante a COP-16 no México, que irá de 29 de novembro até o dia 10 de dezembro próximo.

Fundo brasileiro usará recursos da exploração de petróleo
O Fundo Nacional do Clima apoiará, entre outras, atividades de combate à desertificação e ações de adaptação às mudanças climáticas. Um dos itens financiáveis pelo BNDES é a Ciência do Clima, a análise de impactos e a vulnerabilidade, diz o decreto firmado no final de outubro último.

Será o primeiro fundo do mundo a utilizar recursos oriundos da exploração do petróleo.
“É o primeiro fundo climático financiado por atividades altamente poluentes. É o começo da transição para uma economia de baixo carbono”, acredita a atual ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, falando à Agência Brasil.

Já a secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Branca Bastos Americano, afirma: o Brasil em Cancún vai procurar acordos graduais para a formação de uma economia mundial de baixa emissão de gás carbono. Após a frustração de Copenhague, no final de 2009, o Brasil não irá mais pressionar os outros países para que assumam compromissos para reduzir as suas emissões de CO2.

“O Japão e os grandes países da Europa não vão aceitar aprofundar compromissos, sem que os Estados Unidos se comprometam mais. E sem que os países emergentes – e especial a República Popular da China – tenham um maior envolvimento”, diz Branca.

Mas, na recém-concluída reunião de cúpula do G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, em Seul, Coréia do Sul, dia 12 de novembro passado, os países se comprometeram a lutar pelo sucesso da COP-16 em Cancún, destinada a limitar o aquecimento global, para além dos compromissos do Protocolo de Kyoto (ao qual, até hoje, os Estados Unidos não aderiram até hoje).

México confia na redução das emissões de carbono
“Não economizaremos esforços para chegar a um resultado equilibrado e coroado de sucesso em Cancún”, diz o comunicado final da reunião do G-20 em Seul.

”Os chefes de Estado e de Governo do G-20 reafirmam seu compromisso resoluto de combater as mudanças climáticas”, acrescenta o documento, dizendo ainda que os líderes do grupo também pretendem proteger o meio ambiente mundial dos oceanos.

O atual presidente do México Felipe Calderón está otimista: o principal avanço da COP-16 de Cancún será a redução das emissões de carbono.. Mas admite que há resistências de alguns países a acordos mais concretos, como, por exemplo, um limite máximo para o aumento das temperaturas globais.

”Avançamos em transferência de tecnologia e em financiamentos de longo prazo. E provavelmente o avanço mais importante será na redução das emissões causadas pelo desmatamento”, disse Calderón.

Neste ponto em particular, conforme dados do Governo Federal, o Brasil poderá antecipar em quatro anos as metas de redução de desmatamento na Amazônia, bem como as metas de emissão dos gases de efeito estufa (em até 38,9%) - previstas inicialmente para o ano de 2020.

Então é isso: os defensores do meio ambiente em toda a parte passam a olhar com atenção para Cancún. A COP-16 será mais uma oportunidade para encarar o aquecimento global e as mudanças climáticas. Mas a crise econômica mundial, a guerra cambial, a contínua tensão na Península Coreana são os temas do momento na política internacional. Tudo isto deverá empanar a cobertura da grande mídia à cúpula de Cancún. Resta esperar que os meios alternativos saibam preencher este vácuo informativo.

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