Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

ENTREVISTA-Brasil espera liderança dos EUA na questão climática

15 de outubro de 2010 • 19h49
Reuters
O Brasil deve anunciar um novo recorde na redução do desmatamento da Amazônia e lançar um fundo climático bancado pelo dinheiro do petróleo antes da conferência climática de Cancún no mês que vem, disse à Reuters na sexta-feira a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Ela afirmou também que o governo dos Estados Unidos deveria demonstrar mais liderança nas discussões climáticas globais.

Nos últimos anos, o Brasil tem assumido um papel mais ativo no debate climático global, acompanhando o aumento da sua influência econômica e diplomática. Agora, o país espera mostrar ao resto do mundo que está fazendo um esforço para reduzir as emissões de carbono, pressionando outras nações a fazerem o mesmo.


A discussão de um novo tratado climático global dominará a pauta da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) em Cancún, no México, de 29 de novembro a 10 de dezembro, mas a esperança de uma conclusão positiva parece cada vez mais remota.

"Independentemente do resultado (da reunião de Cancún), estamos fazendo a nossa parte," disse Izabella em entrevista, ao cobrar mais empenho de nações como os Estados Unidos.

"Onde estão as reduções de emissões (de gases do efeito estufa)? Onde está a promessa formal por parte dos Estados Unidos? Amigos, vocês terão de fazer isso. Os países em desenvolvimento estão fazendo", afirmou ela.

"Eles (o governo dos EUA) precisam ter uma posição mais ativa do que a do Congresso deles", acrescentou a ministra, referindo-se ao projeto de lei climática dos EUA, que está parado no Senado.

Izabella disse que o Brasil manterá as promessas feitas na conferência climática do ano passado em Copenhague, na Dinamarca. Ali, o país se comprometeu a reduzir até 2020 suas emissões em até 39 por cento (ou uma redução de 20 por cento em relação aos níveis de 2005).

A maior parte das emissões brasileiras resulta da queima e decomposição de árvores, e o país tem conseguido resultados expressivos no combate ao desmatamento na Amazônia.
Nos últimos anos, novas regras preveem multas pesadas a pecuaristas e madeireiros que avançam sobre a floresta, além do confisco dos produtos e restrições ao crédito para esses violadores.

As indústrias de beneficiamento de carne e soja também declararam um veto voluntário a produtos oriundos de zonas ilegalmente desmatadas.

A ministra disse que o desmatamento deve cair de cerca de 7.000 quilômetros quadrados no ano passado para cerca de 5.000 quilômetros quadrados neste ano. O auge da devastação foi em 2004, quando foram destruídos 27.379 quilômetros quadrados de florestas.

Isso mostra que o Brasil está adiantado na direção de cumprir a meta de chegar a 2020 com apenas 3.500 quilômetros quadrados de desmatamento anual na Amazônia.

"Estamos cinco anos à frente da nossa meta", disse a ministra.
Mas, com o forte crescimento econômico e com a redução da participação do desmatamento nas emissões, o Brasil terá cada vez mais de procurar outras formas de controlar suas emissões.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar neste mês um plano de ação ambiental para várias áreas econômicas, como siderurgia, geração elétrica e agricultura.

"Estamos começando a transição para uma economia de baixas emissões", afirmou.

Ao mesmo tempo, Lula irá lançar um fundo para a adaptação e mitigação da mudança climática, a ser bancado com dividendos do petróleo.

"É o primeiro fundo climático a ser financiado por atividades emissoras de carbono", acrescentou.

O fundo receberá no ano que vem cerca de 300 milhões de reais, mas o valor deve crescer bastante no futuro, já que existe previsão de que o país duplique a sua produção de petróleo na próxima década.

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