Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Trânsito faz São Paulo perder R$ 33 bilhões por ano

CicloVivo/Estadão
A cidade de São Paulo perde, por ano, R$ 33 bilhões graças ao seu trânsito, é o que diz um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Deste total, aproximadamente R$ 27 bilhões estão diretamente relacionados ao que o município deixa de produzir. Em 2008, esse montante chegou a corresponder a 10% de todo o PIB da capital, é o que diz o professor Marcos Cintra, que assina o estudo.

Nos últimos anos, a frota de carros cresceu muito em São Paulo. Potencializada pela venda de veículos livres IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), não apresenta muitas perspectivas de redução em curto prazo.

Cerca de dois milhões de pessoas utilizam carros em São Paulo. Nas últimas três décadas, a frota de veículos da capital paulista cresceu 695%, enquanto o sistema viário cresceu apenas 10%, de acordo com dados utilizados por Juliano Borghi de Mendonça, em estudo elaborado em 2009 para um MBA sobre mobilidade urbana, realizado na FGV.


A ONG Movimento Nossa São Paulo (MNSP) encomendou um pesquisa ao Ibope, que revela que os paulistanos gastam, em média, 27 dias por ano no trânsito da capital – aproximadamente 7,4% de todo o seu tempo. Ou seja, a cada mês o cidadão passa dois dias e seis horas no carro ou no transporte público.

O Ibope ouviu 805 paulistanos com mais de 16 anos nas cinco regiões da cidade. Destes, 76% afirmaram que deixariam de usar carros caso houvesse alguma boa alternativa para o transporte público. Além disso, 67% acreditam que o transporte público deveria receber mais atenção dos governos.

Soluções
Mendonça, que também é coordenador de mobilização comunitária do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, explica que os cidadãos também devem procurar por soluções. “Existe uma crise de mobilidade na cidade, isso é óbvio. Mas estamos tentando fazer com que as pessoas percebam que, da mesma forma que são parte do problema, podem também ser parte da solução".

Ele explica que a entidade está mobilizando a comunidade por meio do site . “E vamos participar da organização de atividades como a vaga-viva, que tem como objetivo chamar atenção das pessoas para o uso privado de espaços públicos: as vagas que os carros ocupam nas ruas", completa.

Ele diz que acredita em mobilizações que utilizam manifestações artísticas para transmitir mensagens edificantes. "Convencer os convencidos é fácil. Mas, para chegar aos que ainda não pensaram seriamente sobre o problema do trânsito nas cidades, é preciso usar uma linguagem lúdica. Precisamos fazer a população pensar seriamente sobre o uso abusivo do automóvel, refletir sobre o impacto de suas escolhas cotidianas", ressalta.

Diversas ONGs planejam fazer barulho durante a Semana da Mobilidade, que vai de 16 até 22 de setembro, terminando no Dia Mundial sem Carros. Maurício Broinizi Pereira, coordenador da Secretaria Executiva do MNSP, revela que o ponto alto será a entrega, na segunda-feira (20), de uma proposta para compor o Plano Municipal de Mobilidade em Transportes Sustentáveis.

"O Plano Diretor da cidade, aprovado em 2002, exige a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade. Mas ele nunca foi feito. Fizemos um trabalho imenso de pesquisa com vários especialistas e vamos entregar à Câmara Municipal um documento de mais de 300 páginas, que inclui propostas ousadas", ressalta Broinizi.

Entre as propostas “ousadas”, Broinizi destaca que as principais vias da cidade devem ter corredores de ônibus. "Muitas das principais vias da cidade, que poderiam ter corredores de ônibus, não têm. É o caso da Henrique Schaumman e das avenidas Brasil e Tiradentes. O que propomos é maior compartilhamento do sistema viário entre o transporte publico e o privado".

A ONG também propõe que as subprefeituras tenham um plano de ciclovias que se conecte com os terminais de transporte público e com uma ciclovia central. "Temos consciência claríssima de que essas mudanças vão exigir intervenções urbanas enormes, mas não podemos continuar assistindo a cidade se autodestruir. Ou esperar pelas linhas de metrô prometidas para 2015, quando nada garante que elas irão sanar a imensa demanda reprimida que já existe pelo transporte público", diz Broinizi.

A proposta também inclui um novo modelo de corredores de ônibus, com bilheterias nas paradas. Assim, a cobrança é feita antes do passageiro ingressar no veículo, ganhando tempo e dando mobilidade ao trânsito.

Nessa semana, além da entrega da proposta à Câmara Municipal, a ONG planeja uma “Bicicletada” (passeio pelas ruas de São Paulo e de outras cidades que participam do movimento), o “Praia do Tietê” (evento que reunirá manifestantes para tomar banho de sol às margens do rio Tietê), e o “Vaga-viva”, que consiste no uso de vagas de estacionamento para atividades de lazer e convivência entre as pessoas, com o objetivo de provocar uma reflexão sobre a relação entre a cidade e o automóvel.

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