Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

III - Análise crítica de alguns projetos >>> IHU - Unisisnos

Transposição do rio São Francisco


A transposição do Rio São Francisco está entre as mais importantes obras do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. O argumento do governo é de que obra garantirá a segurança hídrica na região semi-árida a 12 milhões de pessoas. O movimento social, contrapondo-se aos dados do governo afirma que apenas 4% das águas retiradas da vazão do rio serão usadas para atender o consumo da população difusa, 26% irão para o abastecimento urbano e industrial e os 70% restantes para irrigação. Os dados a partir de estudo do WWF afirmam que “é simplista e utópico imaginar que grandes obras de engenharia podem resolver os problemas de escassez de água, sem impactos ambientais e sociais bastante significativos”.


Na opinião do movimento social a obra irá beneficiar sobretudo os interesses do agro e do hidronegócio. Roberto Malvezzi da Comissão Pastoral da Terra - CPT, afirma que há propostas melhores para o semi-árido brasileiro do que a transposição e acusa o projeto de beneficiar os interesses do grande capital. “Nós temos tentado dizer à sociedade brasileira que o projeto, que aparece como que para acabar com a sede do povo tem por trás o interesse poderoso da agroindústria, do complexo siderúrgico e de uma elite que irá se beneficiar com essa água. Isto significa que a transposição não tem a finalidade de saciar a sede das pessoas mais necessitadas”, diz Malvezzi.

O bispo D. Luis Cappio que se tornou um símbolo na luta contra a transposição há muito tempo insiste na tese de que o rio S.Francisco está numa UTI e que “um anêmico não pode doar sangue”. Cappio e o movimento social defendem a revitalização do rio. “Antes de exigir que o rio seja utilizado para o multiuso, é preciso revitalizá-lo. O governo precisa dar condições de vida ao anêmico para depois tirar seu sangue”, diz ele, e acrescenta que “dos 5.400 km de margens do rio, apenas 5% das matas ciliares estão preservadas”.

Além da revitalização do rio, o movimento social defende para o meio rural obras que têm a lógica da chamada convivência com o semi-árido - a captação da água de chuva do meio rural tanto para beber quanto para produzir e para o meio urbano a implementação da obras do Atlas do Nordeste. A transposição do rio S.Francisco encerra em si mais do que um debate sobre a sua viabilidade técnica. O projeto coloca em discussão o modelo de desenvolvimento que se deseja para a região e para o país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Informação & Conhecimento