Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Cientistas perdem espaço no comando das farmacêuticas >>> Financial Times/Valor/Jornal da Ciencia

 Corporações passam a dar mais valor a executivos com formação comercial e não cientifica
"Procura-se executivo-chefe para companhia farmacêutica que coloque medicamentos novos e lucrativos no mercado. Cientistas não serão aceitos."

Esta situação, cada vez mais comum, pode ser uma boa notícia para os headhunters, mas para um setor que tradicionalmente obtém suas receitas com pesquisas e desenvolvimento, vai frustrar as esperanças de cientistas ambiciosos.

Em muitas das maiores companhias farmacêuticas, onde a norma era pesquisadores migrarem dos laboratórios para os cargos executivos, ter experiência de negócios, marketing e comercial está se tornando a nova norma. Na década de 1980, por exemplo, a Merck era comandada por Roy Vagelos, um químico e médico que desenvolveu potentes medicamentos de controle do colesterol. Agora, o chefe é Dick Clark, que tem uma formação comercial. Em fevereiro, Joe Jimenez, que trabalhou grande parte de sua vida no setor de gêneros alimentícios, recebeu de Daniel Vasella, um médico capacitado, o cargo de executivo-chefe da Novartis.

Um padrão parecido vem sendo verificado em todo o setor farmacêutico, num reflexo das grandes mudanças que estão ocorrendo nos negócios. O marketing e a diversificação além dos medicamentos vendidos sob receita médica se tornaram o foco dos modelos de negócios. Aqueles que comandam pesquisas médicas com frequência vêm sendo relegados a funções de apoio, na medida em que seus orçamentos estão diminuindo. Isso, por sua vez, está redesenhando as funções do CEO farmacêutico.

Num mercado implacável, com custos e barreiras reguladoras maiores - e investidores que fornecem recursos cada vez mais céticos e exigentes-, o modelo de negócios em mutação também significa que medicamentos com o potencial de serem radicalmente inovadores sempre sofrem às custas daqueles menos inovadores e com maiores chances de sucesso comercial.

Apenas duas companhias continuam fiéis ao modelo de CEO cientista: a Eli Lilly e a Gilead. "Temos vários cientistas em posições graduadas", diz John Martin, executivo-chefe da Gilead. "Seus pontos de vista são úteis e acredito que essenciais, porque muitas das decisões de negócios do nosso dia a dia estão relacionadas às ciências nas quais trabalhamos."

O caso da Sanofi-Aventis, porém, enfatiza as potenciais armadilhas de se promover ao topo um indivíduo acostumado com a área de pesquisas. Em 2007, a companhia nomeou Gérard Le Fur, seu diretor de pesquisa e desenvolvimento de longa data, para comandar a companhia.

Mas seu estimado medicamento antifumo e para a perda de peso, o Accomplia, foi um fracasso, e ele relutou em se comunicar com os investidores ou articular uma nova estratégia. Conforme disse ao "Financial Times" na época: "Sou uma pessoa de bastidores. É uma coisa genética." Poucos meses depois, a companhia demitiu Le Fur e nomeou Chris Viehbacher, um ex-contador que havia galgado posições nas fileiras comerciais da GlaxoSmithKline (GSK).

Uma análise da consultoria Russell Reynolds sugere que o melhor é combinar o treinamento científico com uma formação formal em administração e experiência comercial. Dana Krueger, consultora da companhia, diz que muitos cientistas estão fazendo isso. Até mesmo o Dr. Vagelos admite que a era do CEO cientista pode ter acabado. "Enquanto um cientista médico pode aprender o lado dos negócios, como eu fiz na Merck, uma pessoa sem formação técnica também pode aprender o suficiente sobre tecnologia para liderar muito bem uma companhia."

(Andrew Jack, do Financial Times)
(Valor Econômico, 9/7)

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