Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

O Brasil na liderança de uma nova economia global >>> Fundação Universidade Regional de Blumenau


quinta-feira, 17 de junho de 2010
Entrevista Jim Garrison, Presidente da ONG State of World.

O Brasil tem todas as condições para se tornar uma liderança da economia mundial climática – baseada em tecnologias limpas e em energias de fonte renovável. Resta apenas decidir se o país irá mesmo se comprometer com o desenvolvimento dessa nova sociedade. Esse foi o tom dos debates no 8º Fórum Mundial de Liderança Climática Brasil 2020, realizado em maio, na Bahia. O encontro faz parte da Campanha Global de Liderança Climática Brasil 2020. Além desse, haverá outros 10 nos próximos 10 anos. Jim Garrison, fundador, ao lado de Mikhail Gorbachev, da ONG State of the World Forum, promotora da campanha, defende que não há país mais habilitado do que o Brasil para mudar a forma como nos relacionamos com o planeta. Garrison formou-se em História Mundial na Universidade de Santa Clara (EUA) e vem atuando, desde 1995, na organização. O estudioso se empenha em reunir líderes para debater temas globais que transformem discussões em ações que façam a diferença. Veja, ao lado, trechos da entrevista de Garrison ao Nosso Mundo:

Nosso Mundo Sustentável – Como o Brasil pode se tornar líder na discussão climática mundial?

Jim Garrison – O Brasil pode se tornar um líder nas discussões climáticas se demonstrar que está comprometido em abordar a questão do aquecimento global de forma séria. Isso já está sendo feito com o compromisso de reduzir o deflorestamento da Amazônia em 80% e as emissões de CO2 em 36% até 2020. Isso é muito maior do que qualquer outra nação importante tem feito. Nunca antes houve uma geração tão chamada a liderar em face de uma crise que cresce dia após dia. Esta crise representa uma oportunidade única para o Brasil porque, se existe um país no mundo que pode liderá-la, é o Brasil.

Nosso Mundo – Qual o papel do Brasil na economia climática mundial?

Garrison – O maior desafio mundial é a transição de uma economia baseada em combustível fóssil para uma economia baseada em tecnologia limpa e energia renovável. O Brasil é um líder natural. O país gera 52% de sua energia a partir de fontes renováveis, a maioria hidrelétrica, em comparação com 12% da União Europeia e 10% dos EUA. O Brasil também tem a maior taxa de utilização de etanol em carros. Contudo, o país carece de uma economia de energia limpa completamente desenvolvida, no que a China se destaca. A China gasta mais com o desenvolvimento de tecnologia limpa do que com a sua segurança militar. Em meio à liderança do Brasil em energia renovável e redução de CO2 e à liderança chinesa no desenvolvimento de tecnologia limpa, o mundo começa a mostrar o caminho para desenvolver uma próspera economia climática.

Nosso Mundo – Como funcionam as finanças climáticas? Como aproximar esse conceito da população?

Garrison – Existem muitos aspectos das finanças climáticas. Elas são necessárias porque muitos governos estão presos pelo dinheiro e precisam de novos recursos. Isso pode ser obtido de diversas formas. A mais fácil é mudar os impostos e dar início à taxação das emissões de carbono enquanto se fornece isenções para o desenvolvimento de tecnologia limpa e energia renovável. Isso já está sendo feito com sucesso na Europa. Na Alemanha, o governo passou a ter a Feed In Tarriff, por meio da qual qualquer um pode investir em células fotovoltáicas e vender a energia para as empresas de serviço público com um contrato de 20 anos. Como resultado, a Alemanha agora produz mais energia solar por meio dessas células do que o resto do mundo. Na Califórnia, o Estado não gasta mais em energia hoje do que gastava em 1973, devido à regulamentação criada para aumentar a eficiência energética de edifícios e casas e para fornecer incentivos aos consumidores para que usem menos energia. O resultado são bilhões de dólares economizados e mais de 1,5 milhão de empregos criados. O paradoxo do aquecimento global é que não estamos numa crise porque não temos as soluções. Estamos em crise porque não estamos implementando as soluções que já temos.

Nosso Mundo – Você diz que o Brasil pode ser um modelo de como alinhar propósitos individuais com propósitos governamentais. Por quê?

Garrison – Esse é o momento do Brasil na liderança global. Por muitas razões, os EUA, líder mundial nos últimos cem anos, não é capaz de liderar da forma como precisamos. O Brasil está muito à frente do resto do mundo no uso de energia renovável e etanol e no compromisso de redução de emissões de CO2. É um grande país, com muitos recursos, cuja população é um microcosmo do mundo. Se o país estiver comprometido consigo mesmo no desenvolvimento da economia climática de baixo carbono, salvará muito dinheiro, criará milhões de empregos e extraordinárias oportunidades para os jovens em novas e limpas profissões. A urgência do aquecimento global demanda que cada um e todos nos tornemos líderes. Pela primeira vez em nossas vidas, talvez pela primeira vez na história, todos devemos nos responsabilizar por nosso clima. A mudança climática é a grande crise da humanidade. Ao mesmo tempo, também é a grande oportunidade. Entendendo isso, o Brasil pode guiar o caminho

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