Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

ENERGIA PARA O FUTURO/// CREA-BA

Auto-suficiência em petróleo comemorada pelo governo federal não significa a solução para os problemas energéticos do País


por Sivaldo Pereira

O Brasil é considerado um dos países com maior potencial energético do mundo, tanto devido aos recursos minerais disponíveis quanto à sua localização geográfica. Mas este potencial necessita de investimentos e desenvolvimento tecnológico para se tornar efetivo. Preocupado, o Sistema Confea/Crea incluiu o tema energia nas propostas do projeto Pensar Brasil. O intuito é debater perspectivas e as possíveis contribuições da área tecnológica para o setor.

Atualmente, segundo dados preliminares do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2006, 77,1% da estrutura de oferta interna de energia elétrica do País provém de fonte hidráulica. Na avaliação do ex-coordenador da Câmara de Engenharia Elétrica do Crea-BA, engenheiro eletricista Roberto da Costa e Silva, o modelo baseado em hidroelétricas não é sustentável a longo prazo. “Para evitar problemas futuros, deveríamos investir no desenvolvimento de energias solar, eólica e nuclear. Temos bastante sol, vento e área suficiente para se implantarem usinas solares e eólicas, e somos produtores de material radioativo. Assim, reunimos as condições de sermos independentes”, analisa.

Dados do Ministério de Minas e Energia demonstram ainda que aproximadamente 44% da matriz energética brasileira provém de fontes renováveis. Segundo o professor e coordenador do Laboratório de Energia e Gás da Escola Politécnica (Ufba), engenheiro mecânico Ednildo Andrade Torres, a produção de petróleo – a principal fonte não renovável de energia – ainda se manterá com abundância nos próximos anos, mas, dentro de três ou quatro décadas, as reservas entrarão em declínio. Para o professor, que tem doutorado em energia térmica, o Brasil precisa planejar agora o desenvolvimento de uma matriz energética com uma visão de longo prazo, que seja diversificada, dando ênfase em fontes renováveis de energia, como a biomassa, energia eólica e solar, sem perder de vista também que seria inevitável o uso de energia nuclear no futuro. “Precisamos buscar soluções definitivas como a biomassa e fontes complementares de energia como a solar e a eólica. A longo prazo, certamente precisaremos utilizar energia nuclear. Não o que temos aí, mas algo que ainda será desenvolvido sem a geração de resíduos radioativos” aponta. Torres explica ainda que o grande problema da energia nuclear hoje são os riscos de acidentes e o problema da contaminação.

Se o Brasil reúne as condições prévias necessárias para se tornar uma potência energética no mundo, tal tendência está técnica e economicamente alinhada com as características climáticas e geológicas da Bahia. Boa parte do estado é propícia para implantação de centros produtores de uma matriz energética mais diversificada. Sítios eólicos e solares da região litorânea até o semi-árido, a maioria ainda inexplorada; produção em larga escala de biomassa a partir de plantas oleaginosas como o dendê, no Baixo-sul, ou a soja, no oeste do estado; extração de urânio na região de Caetité, que está entre as três maiores reservas do País, além do potencial hidráulico que já vem sendo explorado nas últimas décadas. “A Bahia é um grande celeiro para geração de energia, não apenas hoje, mas também para o futuro”, constata Torres. Apesar desta potencialidade, o estado também sofre dos mesmos problemas nacionais: falta mais investimento em pesquisa e tecnologia, além de um planejamento estratégico e sustentável para transformar esta potencialidade em riqueza, e a riqueza em benefícios para a população.













Vantagens e desvantagens das fontes de energia

  • Eólica e solar - São fontes limpas, com reduzido impacto ambiental. Dependem, porém, da existência de luz ou vento. Sua implantação é cara e requer grandes áreas para instalação.
  • Nuclear - Tem alto poder de concentração energética. O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do planeta. Desse total, 33% estão localizados na Bahia (Lagoa Real e Caetité). Requer alta tecnologia para o enriquecimento de urânio. Hoje, provoca sérios danos à saúde e ao meio ambiente em caso de acidentes. Os resíduos gerados representam um problema ambiental.
  • Biomassa - Renovável, pode ser extraída de diversas fontes vegetais, ampliando o leque de regiões potencialmente produtoras. No Brasil, há grandes possibilidades de produção em larga escala até mesmo para exportação futura. O problema é que requer grandes áreas de plantio e de investimentos privados na construção de um parque industrial e no desenvolvimento de pesquisas.
  • Hidráulica - Potencial para gerar energia elétrica em larga escala de modo renovável , utilizando-se da força das águas. Sustenta boa parte da produção da energia elétrica consumida hoje nos lares brasileiros. Requer altos investimentos na construção de hidrelétricas. Apesar de ser renovável, há limites para a instalação de usinas ao longo das bacias brasileiras.
  • Gás natural - Não é renovável. Alternativa ao petróleo em muitos países. As reservas mundiais estão em alta e poderão ser o “combustível de transição” com o declínio das reservas de petróleo no mundo.
Para dados complementares, visite o Relatório:
Análise Energética e Dados Agregados
Destaques de Energia por Fonte em 2007

Destaques de Energia e Socioeconomia em 2007
Análise Energética Brasileira – 1970 a 2007
Dados Agregados

link:
www.ipen.br/conteudo/upload/200903220937060.Relatorio_Final_BEN_2008.pdf

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