Carta da Terra

"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." (da CARTA DA TERRA)

Alterações Climáticas: A Maior Ameaça à Recuperação Econômica ///OECD

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Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, e James P. Leape, diretor-geral do WWF Internacional


Após um ano de sofrimento e pessimismo, estamos começando a ver sinais de uma recuperação econômica. Os brotos estão nascendo. As significantes medidas econômicas e financeiras adotadas pelos governos ao longo do último ano estão começando a mostrar resultados.

Mas ainda não conseguimos sair da floresta. Neste momento precisamos ter certeza de que a recuperação é auto-sustentada, e para isto, ousadia na questão da mudança climática se faz necessária.
Líderes de todo o mundo se preparam para as negociações da ONU sobre mudanças climáticas em Copenhague em dezembro e uma das suas grandes prioridades deverá ser a transição das suas economias atuais, intensivas em carbono, para futuras de “baixo carbono”.

O modelo econômico vigente conhecido por “Business as usual” não é uma opção se a recuperação econômica proposta deseja ser sustentável. Se continuarmos a aumentar as emissões de gases de efeito estufa, as alterações climáticas resultantes conduzirão a transformações enormes: inundações e secas, tempestades mais violentas, ondas de calor mais intenso, a escalada de conflitos por comida e água e recursos. Os sinais são chocantes e já são visíveis no cenário mundial.

O gelo do Ártico está derretendo, trazendo ameaças que eram praticamente impensáveis até alguns anos atrás. Menos gelo significa mais água do mar. Um ameaçador aumento global nos níveis dos oceanos poderia inundar muitas das cidades litorâneas em todo o mundo e expor 150 milhões de pessoas a riscos de inundações costeiras por volta do ano 2070. Á medida que o Permafrost degela, a liberação para a atmosfera de enormes estoques de metano congelado e dióxido de carbono poderão acelerar ainda mais o aquecimento global.

Confrontados com tais riscos, precisamos agir imediatamente para evitar que os piores cenários se tornem realidade. Segundo a análise da OCDE, do IPCC, McKinsey e outros; estas graves alterações climáticas custarão apenas uma fração de um ponto percentual do crescimento anual do PIB mundial.
Não fazer nada, pelo contrário, como o Relatório Stern sobre a Economia da Mudança Climática nos aponta, poderia levar a perdas muito maiores.

A partir de hoje, precisamos mudar nosso estilo de vida e nossas atitudes. Temos de produzir, transportar, consumir, regular, governar e pensar diferente. Precisamos nos tornar “verdes”. Alguns pacotes de estímulo adotados pelos governos neste ano incluíram investimentos em infra-estrutura “verde” e novos empregos. Isso foi um bom começo, mas ainda é necessária uma profunda mudança estrutural.

A crise financeira e econômica de qual estamos emergindo significa uma oportunidade única para se conseguir isso. No último mês o G20 formalizou um acordo que prevê o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis até o ano de 2020. Foi um movimento positivo.
De acordo com análise da OCDE, apenas com a remoção de subsídios aos combustíveis fósseis em alguns dos países em desenvolvimento poderia reduzir as emissões globais de GEE em 10% até 2050, e ao mesmo tempo aumentar a eficiência econômica.
Além disso, temos de canalizar o investimento em tecnologias de energia limpa, edifícios e infra-estruturas de transporte que poderão significar o alicerce de uma economia de baixo carbono.

Ao fazer isso, vamos criar grandes oportunidades na forma de novas indústrias e novos empregos, ajudando a compensar as recentes perdas de emprego em outros setores. Apenas na China, o sector das energias renováveis já gera um resultado de US$ 17 bilhões e emprega um milhão de trabalhadores. E isto é apenas uma pequena parte do grande potencial existente.
O potencial de "tecnologias verdes" em áreas como energia, água, edifícios, transportes e indústria é enorme.

A partir de hoje e a COP 15, em Copenhague, devemos nos focar na questão das Mudanças Climáticas e endereçar uma série de importantes pontos críticos para as atuais negociações internacionais.

Assim manteremos uma boa chance de limitar o aumento da temperatura global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Neste modelo, as emissões globais de gases de efeito estufa deverão atingir o máximo nos próximos 10 a 15 anos e depois começar a declinar. Para que isso seja possível, cada nação deve desempenhar o seu papel.

Para começar, as economias avançadas devem concordar em fazer cortes drásticos em suas próprias emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, garantir o financiamento sólido para apoiar a mitigação e a adaptação nos países em desenvolvimento.
Por sua vez as economias emergentes também devem contribuir. Em troca de compromissos de financiamento das economias avançadas, estas economias devem agir adequadamente, com metas ambiciosas visando combater os efeitos negativos do uso de energia, assim como a atividade de desmatamento.

Um dos principais desafios será o de chegar á um acordo eficaz sobre propostas concretas em relação aos mecanismos de financiamento que irão permitir as possíveis iniciativas no âmbito das Mudanças Climáticas. Temos de preparar o caminho para o fluxo de investimento e das finanças dos países da OCDE para os países em desenvolvimento.

Em 2007, a agencia bilateral ODA Official Development Assistance indica que direcionou US$ 4,3 bilhões para os países em desenvolvimento para que investissem em iniciativas de baixo carbono. O financiamento multilateral contribuiu com um montante semelhante.
Este investimento terá de aumentar de forma acentuada, além de ter que ser complementado por financiamento do setor privado em longo prazo.

Ações imediatas são necessárias. A mudança climática é o maior desafio que a humanidade já enfrentou coletivamente. Devemos responder a isso agora, para nosso próprio bem e para o bem dos nossos filhos e netos. Nós podemos fazer o “verde” seja compatível com uma maior prosperidade.

Copenhague deve marcar um ponto de mudança nos nossos esforços

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